Enquadramento
As primeiras eleições para os Corpos Gerentes do Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia, realizadas em 2014, decorreram no contexto muito particular da criação de uma nova estrutura sindical, que estava a dar os primeiros passos e que tinha ainda um longo caminho a percorrer. Como nessa altura, continuamos hoje a viver um momento de intenso ataque aos direitos laborais e sociais dos trabalhadores em geral. Muitos trabalhadores de Arqueologia continuam sujeitos a trabalhar sob falsos recibos verdes, existindo recorrentes dificuldades devido a ordenados em atraso, à inexistência de subsídios de Férias e Natal, ao trabalho não remunerado relativo a horas extraordinárias ou a fases de produção de relatório, à ausência de contratação e negociação colectiva, à falta de apoios e benefícios sociais, numa profissão com grande incidência de doenças profissionais e de grande desgaste físico, e ao não pagamento de
materiais de trabalho e de despesas de deslocação.
Os trabalhadores de Arqueologia com vínculo ao Estado sofrem também graves ataques aos seus direitos, consubstanciados, nomeadamente, em situações degradantes como as amplamente noticiadas referentes ao CNANS-DGPC ou a vários museus ameaçados, na continuação do seu funcionamento, pelo subfinanciamento da Cultura. Agrava-se, pois, sempre e crescentemente, a preocupante situação de envelhecimento e não-rejuvenescimento e do inexorável e crescente deficit dos recursos humanos nos organismos públicos dependentes do Ministério da Cultura, tanto ao nível técnico e científico como ao nível do atendimento ao público. Este último, especialmente escandaloso quando confrontado com o extraordinário aumento de visitantes em museus e monumentos, mercê do crescimento verificado no sector do turismo.
As políticas levadas a cabo têm vindo a destruir as anteriores conquistas com o subfinanciamento, a incúria, a venda ao desbarato, a descaracterização de funções, com políticas que dificultam o estudo e investigação, a fruição, o contacto directo de todos com os bens patrimoniais. O desinvestimento do Estado tem reflexos profundos na conservação, divulgação, investigação e democratização do Património. «Proteger e Valorizar o património cultural do povo português», tarefa fundamental, plasmada na Constituição da República Portuguesa (artºr9), é uma tarefa diária para os profissionais de Arqueologia e do Património Cultural. A função do Arqueólogo, e o seu trabalho, assumem particular relevância na preservação da «nossa realidade» e «origem». Por isso, a prossecução quotidiana deste objectivo não pode espelhar o oposto da sua importância. Não se pode dissociar a valorização do património, da valorização do trabalhador.
Trabalhar em Arqueologia e na área do Património tornou-se cada vez mais num sinónimo de precariedade e baixos salários (no limiar do SMN). Só a estabilidade material e laboral dos profissionais poderá promover a importância da Arqueologia e do Património Cultural enquanto ferramenta para o progresso na nossa sociedade. A degradação das condições profissionais dos trabalhadores da área da Arqueologia, Conservação e Restauro e Antropologia coloca em causa a prossecução de uma «boa política cultural». Assim, a luta pela melhoria dos salários, pelo emprego e pelos direitos em Arqueologia, é algo que urge continuar e reforçar. Estes problemas exigem a afirmação de um projecto sindical forte, determinado, dinâmico e representativo, exigindo de todos nós grandes esforços no reforço da unidade e na luta pelos direitos dos trabalhadores. O esclarecimento, a participação e a mobilização dos trabalhadores é o caminho que a LISTA A se propõe trilhar, com a certeza da importância de uma organização sindical de classe, de massas, responsável, democrática, fortemente reivindicativa e solidária.
Propostas
É necessário estabelecer, desde logo, uma linha de trabalho empenhado e constante, assente num modo de funcionamento democrático e no interesse dos trabalhadores de Arqueologia.
Objectivos de trabalho da Direcção:
- Criação de Grupos de Trabalho constituídos por sócios do STARQ com o objectivo de alargar a participação activa do maior número de associados, aprofundar a análise das questões em debate e ajudar à resolução concreta dos problemas dos trabalhadores.
- Informação permanente aos sócios através de comunicados, boletins, espaço da internet e contactos com a comunicação social.
- Disponibilização de informação sobre a legislação que incide sobre o grosso dos trabalhadores em Arqueologia (nomeadamente, arqueólogos, antropólogos físicos e conservadoresrestauradores) e sobre a área em si, com a concepção de materiais gráficos e informativos, visando esclarecer os associados sobre os seus direitos.
- Revitalização no nosso sítio da Internet.
- Identificar os problemas individuais e colectivos dos associados, tentando garantir a sua resolução, defender os seus direitos e denunciar situações de incumprimento e atropelo de direitos a todo o tempo.
- Deslocar com frequência aos locais de trabalho e intervir sempre que se revelar necessário.
- Continuação e, se possível, reforço da avença jurídica contratada, por forma a dar o máximo apoio aos membros do sindicato.
- Reforço da Organização Sindical, iniciando uma campanha de sindicalização, através de contactos directos e de meios informáticos.
- Concepção de materiais de publicidade, veículos essenciais na divulgação de acções de luta, actividades e ideias-chave do STARQ.
- Mobilização e consciencialização dos trabalhadores com vista à sua participação activa na vida do Sindicato, nos movimentos e processos reivindicativos.
- Organização de reuniões abertas e de sessões de esclarecimento públicas para trabalhadores com vista à mobilização da classe, fomentando a participação dos associados e a adesão de novos sócios.
- Formação sindical destinada aos dirigentes, delegados e activistas sindicais.
- Gestão rigorosa dos meios financeiros do Sindicato.
- Cooperação, de forma articulada, com o Movimento Sindical Unitário e estabelecimento de contactos com outras estruturas sindicais.
- Participação em movimentos de luta nacional no âmbito da Cultura e Património e também em defesa de melhores salários e emprego com direitos.
- Estabelecimento de contactos com entidades de natureza não sindical do sector da Arqueologia.
- Aprofundamento do conhecimento da realidade dos trabalhadores de Arqueologia, Conservação e Restauro e Antropologia.
- Elaboração de um Caderno Reivindicativo do sector.
- Elaboração de um Documento sobre as políticas públicas para o sector.
- Papel reivindicativo e sensibilizador junto das várias entidades públicas, Governo e partidos políticos, chamando a atenção para os nossos problemas.
- Celebração de acordos e protocolos com outras entidades que possibilitem aos associados usufruir de benefícios na aquisição de bens e serviços.
- Organização de actividades culturais, desportivas e de lazer que fomentem o bem-estar e união dos associados.
A Lista A considera que a ligação aos locais de trabalho é a melhor forma de ter um sindicato profundamente identificado com os problemas reais e concretos dos trabalhadores. Para isso, é fundamental:
- Realizar plenários sindicais para discussão das questões de âmbito nacional e das questões concretas dos locais de trabalho, ouvindo os trabalhadores e estabelecendo em conjunto formas de combate e superação dos problemas.
- Defender os trabalhadores sempre que os seus direitos sejam postos em causa.
- Lutar pela melhoria das condições concretas nos locais de trabalho, quer ao nível das instalações, quer ao nível dos equipamentos.
- Exigir o cumprimento das leis respeitantes às questões de Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho.
- Lutar pela inclusão dos trabalhadores da arqueologia nas profissões de desgaste rápido.
- Defender a autonomia profissional e técnica dos trabalhadores.
- Lutar contra a precariedade dos vínculos contratuais.
- Pugnar pela construção da justiça social através da melhoria das condições remuneratórias.
- Defender o direito ao trabalho como direito fundamental de acesso universal.
- Promover o respeito pela ética e deontologia profissionais.