Sábado, 18 de Abril, comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Por todo o país vão decorrer actividades que visam compartilhar o Património com as populações. Entretanto, nuvens negras estão a formar-se sobre os nossos monumentos: nota-se uma avultada diminuição do investimento do Estado na Cultura e na Ciência, afigura-se, simultaneamente, uma política de cedência da exploração do Património a privados e continua-se uma prática de precarização dos trabalhadores deste sector.

O desinvestimento do Estado tem reflexos profundos na conservação, divulgação, investigação e democratização do Património. Verificamos o esvaziamento da tutela através da diminuição de trabalhadores e das diferentes fusões de institutos que têm sido feitas ao longo dos últimos anos. A cada nova fusão vemos um decréscimo da importância da Arqueologia. Uma tutela enfraquecida é uma arqueologia enfraquecida.

Outra face da desresponsabilização do Estado é a política de cedência da gestão e exploração de sítios e monumentos a privados. O reflexo mais imediato deste tipo de acção é a exclusão de parte significativa da população, nomeadamente a que tem menos recursos, do acesso a um bem que é de todos, devido aos avultados preços cobrados. Além disto, sob a ideia de uma suposta maior eficiência subjazem grandes perdas para o Estado, que apenas encaixa uma pequena parcela dos lucros que alimentam certas empresas.

Finalmente, denunciamos mais uma vez a reprodução da prática nefasta do uso dos falsos recibos verdes em Arqueologia. Muitos trabalhadores exercem suas actividades durante meses, e até anos a fio, sem que lhes seja garantido seu direito a um contrato de trabalho. Sabemos do grande desgaste físico e mental a que os trabalhadores de Arqueologia estão expostos, no entanto, é frequente a ausência de qualquer tipo de protecção social.

Assim, no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o STARQ – Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia solidariza-se com a luta dos trabalhadores dos museus, palácios, sítios e monumentos na função pública. Igualmente, manifestamos a nossa indignação face à precariedade que caracteriza o quotidiano de muitos arqueólogos. Somente unidos conseguiremos proteger e democratizar o Património.